quarta-feira, 3 de agosto de 2011


Nascida no dia 22 de abril de 1900, Lídia Baís foi uma pessoa que sempre esteve à frente do seu tempo. É dessa maneira que a responsável pelo museu, localizado na Morada dos Baís e batizado com o nome da artista plástica, define esta que foi uma “pequena grande” mulher. Pequena, pela baixa estatura: a filha do célebre benfeitor do então vilarejo de Campo Grande, Bernardo Franco Baís, media apenas 1.45 m de altura. E grande pelo importante legado que deixou às belas artes não só da Capital, como também do estado de Mato Grosso do Sul, que há cerca de dez anos, tombou as telas da artista como patrimônio estadual.
“Lídia vivenciou os anos 10, 20 e 30, e já nessa época discutia sobre a questão da inclusão social, que era uma coisa que ninguém sabia direito do que se tratava. Além disso, apesar de ser muito católica, procurou conhecer e entender outras religiões, como os rosa-cruzes e a umbanda. E estes esses elementos místicos serviram de forte inspiração para suas pinturas e encontram-se presentes em boa parte de suas obras”, explica Janine Tortorelli, a responsável pelo museu Lídia Baís.
Lídia morou no casarão da Avenida Afonso Pena, hoje Morada dos Baís, entre os anos de 1918 e 1938. Mas, apesar de todo o conforto que o sobrado oferecia, proporcionado pela excelente condição financeira que a família Baís dispunha, Lídia não se sentia à vontade em uma cidade como Campo Grande. “Fazer o quê nessa aldeia?”, ela questionava.
 “Como estudou fora da cidade, e até do país, ela ficava entediada quando vinha para cá. Um dos seus lugares preferidos era São Paulo. Por isso, aproveitando que o trem passava em frente à sua casa, que em certas ocasiões, ela pulava a janela e fugia. Não há comprovação de que isso tenha de fato ocorrido. Mas creio que pelo histórico da Lídia, isso tenha sido possível”, salienta Janine.
Nascido em Corumbá, em 24 de novembro de 1937, José Ramão Pinto de Moraes, o Jorapimo (fusão das duas primeiras letras de cada nome do pintor), começou a pintar aos 14 anos inspirado pelas embalagens de medicamentos que traziam obras de grandes artistas como Van Gogh e Cândido Portinari. Aos 20 anos, decidiu mudar de cidade.
      Foi morar em Campinas - São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Em uma entrevista ao Diário, o artista lembrou que o reconhecimento de sua arte ocorreu em virtude de sua ousadia pessoal. "Eu estava em um café de Campinas e ouvi dois americanos conversando sobre a abertura do Centro Cultural Brasil - Estados Unidos. Eles debatiam sobre potenciais atrações para o espaço. Pedi licença, entrei na conversa e propus uma exposição de artes. Foi um sucesso”, relembrou. Assim, Jorapimo divulgou seu trabalho e ganhou reconhecimento internacional.
      O artista ganhou reconhecimento por retratar a rotina do homem pantaneiro e as belezas naturais do Mato Grosso do Sul. Sua arte, ligada ao impressionismo, é marcada por traços singulares e fortes. Mesmo tendo passado um bom tempo fora de Corumbá, suas obras sempre retrataram o Pantanal e o amor por sua terra natal. “Quando percebi que meu trabalho era conhecido pelas pessoas mesmo sem a assinatura, vi que tinha valor. Assim fiz minha primeira exposição profissional em Corumbá em 1964”, contou

Henrique Spengler 

Spengler desceu a memória de civilizações, contextualizou sua plasticidade nos limites do universal.
Ao apropiar-se das técnicas e materiais nativos, obteve resultados surpreendentes.Seus desenhos, gravuras e pinturas, nos quais utilizou as mais diversas técnicas e materiais, sensibilizam O espectador pela perfeição geométrica, pelo contraste de cores, em que tons de roxo, vermelho e azul alternam-se em figuras que tem alguma coisa da geometria grega.
As composições, denominadas por ele Abstracionismo Nativista tem a beleza, a perfeição da estética dos guaicurus, grupo étnico ancestral dos Kadiwel, donos de estética e abstração próprias que serviram de fonte de inspiração para as composições plástico-visuais do autor: Dinâmico, empreendedor; Henrique Spengler extrapolou o terreno das pesquisas para tornar-se ardoroso defensor do resgate, registro e defesa dos remanescentes direitos dos.
Nesse sentido foi um dos coordenadores do movimento cultural, inspirado na audácia dos índios cavaleiros, símbolos de resistência, auto-determinação e liberdade cuja influência esta evidente na produção artística e na bucsa da identidade cultural sul-mato-grossense.
Spengler foi também umdos fundadores e presidente da Fundação Guaicuru de Cultura.A obra de é referência das mais importantes no processo artistico-cultural do Estado pelo que representa de criação astética e registro de nossas raízes M.G.S.R

Henrique Spengler Pintor -Desenhista-gravador 1958 - Campo Grande /MS 2003 - Coxim /MS Coletivas
1982-1987 - II,III,IV,V e VI Salão de Artes MS - Campo Grande / MS
1985 - V MARCO - Brasília / DF

Arquivo:CorRuas.jpg
Projeto A Cor das Ruas
Fiz parte do Conselho Estadual de Cultura, em meteórica passagem, quando por lá transitou, entre outros, o Projeto “A Cor das Ruas”, de autoria da artista plástica Ana, também ela Ruas, aprovado pela extinta Lei de Incentivo à Cultura, nascida na gestão Idara Duncan, à frente da então Secretaria de Estado de Cultura. Portanto, Ana Ruas é seu nome. Nascida em Machadinho, no Rio Grande do Sul,e formada pela Universidade de Passo Fundo, Ana é uma jovem, mas avançada em anos no saber e no fazer, conhecedora das dores, sabedora da necessidade de inclusão da maioria massiva da nossa população, fruto de modelo econômico antigo e excludente, agravado pelo neoliberalismo, que as pesquisas apontam como aplaudido por poucos, mas que publicamente é bajulado por autoridades e proeminentes figuras, algumas previsíveis, outras insuspeitas. Pois bem, muitos foram os projetos apresentados então à Lei e com certeza, hoje ao Fundo de Cultura, que a substituiu, que falaram e falam em inclusão social, “pedra de toque” em tempos de governo popular, grande quantidade deles no intuito de serem aprovados, mas poucos como o de Ana Ruas trabalhando verdadeiramente pelo resgate da auto-estima de populações marginalizadas. O trabalho de Ana Ruas, que já tinha sua marca nas vias públicas de nossa Capital, recobrindo grandes superfícies de alvenaria ou concreto, em muros e viadutos, com “A Cor das Ruas” ganhou 20 bairros de Campo Grande e mais cinco cidades do Estado: Corumbá, Dourados, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas, com a participação ativa de 400 adolescentes, alunos de escolas públicas estaduais e municipais. Ana, com seus alunos pintou muros em escolas, asilos, creches, hospitais e unidades penais de Mato Grosso do Sul, entre outros espaços redimensionando a mais antiga das artes enquanto registro, a arte mural, retratando a realidade de cada local, resgatando a auto-estima das comunidades envolvidas e envolventes, segundo ela “antecipando-nos à pichação, uma vez que o grafite não é tradição no Estado, dando um rumo cultural à criatividade de crianças e adolescentes”. Esta é Ana Ruas, que durante seis meses, nos mais recônditos locais realizou em parceria com jovens, aos quais considera como “meus alunos” 26 murais, perfazendo 8.350 metros quadrados, que mudaram a cor e a cara de bairros e instituições, resgatando figuras locais, que de alguma forma tornaram-se importantes àquelas comunidades e que de quebra amou cada minuto, empolgou-se e ficou tomada de emoção, apresentando, para finalizar, um relatório de trabalho invejável. Ou seja, fez valer cada centavo que o Estado direcionou de sua arrecadação para a Cultura e com certeza, dando enorme retorno e visibilidade às empresas que apoiaram o seu Projeto.


 
Evandro Prado é um artista de Campo Grande (MS), contemporâneo. No entanto, o que ele vive atualmente parece mais uma cena de 500 anos atrás, faz lembrar dos “feitos” da inquisição. Prado abriu no dia 11 de maio a mostra “Habemus Cocam” no Marco (Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande), onde fica em cartaz até 30 de junho, se a programação for seguida. Isso porque, desde o início da exposição, políticos e pessoas ligadas à igreja católica querem a cancelar.
Em abril, o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) censurou a obra “Desenhando com Terços”, da artista Márcia X (1959-2005), da exposição “Erótica - Os Sentidos da Arte”. Uma só notícia dessas já seria muito, mas são logo duas histórias bastante semelhantes e em muito curto período de tempo. Parece até que estamos em época de ditadura militar.
O artista Evandro Prado apresenta no Marco, por exemplo, uma lata de Coca-Cola no lugar de onde deveria originalmente estar o sagrado coração de Jesus. O trabalho é baseado em um texto de Frei Beto, que constata que a nossa sociedade cultua certas marcas como se fosse religião - ou seja, afirma que há um culto às mercadorias e ao dinheiro. Vereadores, deputados estaduais e representantes da igreja católica de Campo Grande não entenderam assim a exibição, e querem acabar com ela.
Eles alegam que “Habemus Cocam” profana a igreja católica. Um dos cabeças do repúdio é o vereador Paulo Siufi (PRTB). Esses políticos entram então na história como defensores dos valores pregados pela igreja. Assim, Evandro Prado se meteu em um vespeiro.
O artista tem um trabalho da mesma série (intitulado "Em Casa de Capitalista Coca-Cola é Santa") selecionado pelo Rumos Itaú Cultural Artes Visuais 2005-2006. O trabalho, também sobre a religião do consumo e o culto ao consumismo, integra a exposição “Paradoxos Brasil”, em cartaz no Itaú Cultural até 28 de maio. O concorrido programa selecionou 78 artistas de todo o Brasil, entre 1342 inscritos. A mostra segue depois para Rio de Janeiro (RJ) e Goiânia (GO).